Sete irmãs da Terra descobertas na nossa vizinhança cósmica
- Mariana Alexandra
- 28 de fev. de 2017
- 3 min de leitura
Renasce a esperança: foi encontrado um sistema planetário , onde há possibilidade de vida. Será que existe vida nestes planetas extrasolares?
Pois bem. Foi revelada numa edição da revista Nature, por uma equipa internacional coordenada pelo investigador belga Michaël Gillon, da Universidade de Liège, que foram descobertos sete planetas extra-solares. Ao chamarmos-lhes “sete irmãs da Terra”, estamos a dizer que têm superfícies firmes e rochosas como a Terra, que possuem sensivelmente a mesma massa do nosso planeta e que se encontram na chamada “zona habitável”, a distância certa da sua estrela que torna possível que a água, a existir, esteja no estado líquido, uma das condições consideradas essenciais para a existência de vida. “É um sistema planetário extraordinário, não apenas por termos encontrado tantos planetas mas porque todos são surpreendentemente parecidos com a Terra em termos de tamanho (…). A estrela é tão pequena e fria que os sete planetas são o que se diz ‘temperados’, o que significa que podem ter alguma água líquida e, por extensão, vida na sua superfície”., sublinhou o astrofísico belga. Em 2010, Michaël Gillon começou a vasculhar estrelas anãs e “frias” na vizinhança do Sol, à procura de planetas de dimensão semelhante à da Terra. As observações foram feitas num telescópio robótico, chamado Trappist-Sul, que usa uma das técnicas mais comuns para detetar planetas extra-solares, o método dos trânsitos. Este método consiste em medir minúsculas reduções no brilho de uma estrela sempre que alguma coisa transita à sua frente, provocando um pequeno eclipse, e se o fizer de forma regular é porque há por ali um planeta em órbita. Um batalhão de telescópios virou desde esse momento as suas lentes para a estrela Trappist-1. Tem um séquito de pelo menos sete planetas de tamanho semelhante ao da Terra. Os seus nomes são Trappist-1b, c, d, e, f, g, h, por ordem crescente de distância à estrela. “Descobrimos que cinco dos planetas (b, c, e, f, g) têm tamanhos semelhantes à Terra, enquanto os outros dois (d, h) têm um tamanho intermédio entre Marte (cujo raio é cerca de metade do da Terra) e a Terra. A massa estimada para os seis planetas mais interiores sugere, grosso modo, a existência de composições rochosas”, lê-se no artigo de agora. Além destas particularidades dos sete planetas, seis estão muito próximos entre si e muito próximos da sua estrela. Quanto ao sétimo, de novo não se sabe bem, parece estar muito afastado, mas por causa dessas proximidades, os seis mais interiores completam uma volta à Trappist-1 entre apenas 1,5 e 12 dias. “O que é uma reminiscência do sistema de luas à volta de Júpiter”, notou Michaël Gillon na conferência de imprensa, referindo-se às luas descobertas por Galileu. Ainda que a Trappist-1 esteja muito próxima dos seus planetas, como é anã e fria – à superfície tem cerca de 2200 graus Celsius, enquanto o nosso Sol chega aos 5500 graus –, a radiação que eles recebem dela é comparável à que, no nosso sistema solar, chega a Vénus, à Terra e a Marte. “Como são estrelas mais frias, a zona potencialmente habitável para estas estrelas está mais próxima do que a da Terra ao Sol”, explica Catarina Fernandes. O telescópio espacial Hubble já está a procurar atmosferas. E os próximos instrumentos de observação que aí vêm, agora em construção, vão procurar moléculas que possam indicar a existência de uma atividade biológica. Se de facto estes planetas têm vida, microscópica ou outra, não sabemos.
Adaptado de: https://www.publico.pt/2017/02/22/ciencia/noticia/sete-irmas-da-terra-descobertas-na-nossa-vizinhanca-cosmica-1762945
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